quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

COMEÇA TUDO DE NOVO NO FUTEBOL CEARENSE

No próximo domingo, no Estádio Castelão, estarão em campo as duas maiores forças, em tese, do futebol cearense, no chamado clássico-rei do futebol alencarino: Ceará x Fortaleza! As duas equipes pisarão o tapete verde do Colosso da Boa Vista com seus uniformes do tempo da fase embrionário do futebol local. As primeiras camisas utilizadas pelas duas agremiações quase já centenárias. O Ceará trazendo a cor lilás, da época do Rio Branco, como cor predominante e o Fortaleza com o alvi-rubro do Stela, além de uma estrela solitária na cor vermelha centrada na altura do peito.
Um fato digno de registro e que resgata as origens do futebol cearense, além de trazer à luz um pouco da história dos dois principais clubes locais. A partida marcará também a volta do Estádio Plácido Aderaldo Castelo, o Castelão, ao circuito futebolístico de 2008 - digo futebolístico porque aquela praça esportiva já foi palco de show musical, há algumas semanas, deixando o gramado com qualidade duvidosa e pouco adequado para o fim a que se destina – já que somente o Estádio da Municipalidade, o Presidente Vargas, estava sendo utilizado, na capital, pelos dois clubes.
Embora se tenha uma rodada no meio de semana, as atenções já se voltam para o grande duelo, o primeiro do ano, em que as equipes estão tecnicamente parelhas, com uma pequena vantagem para o Tricolor do Pici em termos de organização extra-campo.
A equipe comandada pelo técnico Silas Pereira teve a oportunidade de fazer uma pré-temporada na bucólica cidade praiana de Paracuru, inclusive realizando dois amistosos com equipes locais, além de ter realizado uma série de contratações ditas de “peso”, com destaque para o meia Lúcio, o volante Erandir e os atacantes Rômulo e Taílson. Para completar, teve o mérito de manter a base da equipe que terminou o Brasileiro da Série B de 2007 na 5ª posição. Atletas como Paulo Isidoro, Simão, Rogério, Igor, Marcio Azevedo, Tiago Cardoso, Juninho e Preto têm, inegavelmente, condições de vestir a camisa de grandes clubes do futebol nacional. O calendário “avexado” parece ter sido o maior adversário do clube nesse início de competição, uma vez que faltou pernas aos atletas em partidas importantes e que resultaram em uma derrota e dois empates que não estavam nos planos da diretoria e comissão técnica leoninas.
Já o Alvinegro de Porangabussu parece abusar daquilo que mais emperra uma equipe de futebol no Brasil e que tem ocasionado o rebaixamento de grandes forças do futebol nacional: a falta de competência administrativa e profissional. São sempre os mesmos erros que repetidos, ano após ano, deixam claro que não só fatores estruturais, como conjunturais causam o abissal atraso no futebol do Vozão. Sequer uma pré-temporada aconteceu este ano e um simples coletivo só foi acontecer após a vexatória goleada sofrida para o estreante Horizonte, na primeira rodada do Estadual, quando o Ceará foi humilhantemente derrotado por 5 a 1, numa partida que entrou para as estatísticas negras do Alvinegro de Porangabussu.
Esperar que as coisas melhorem apostando nos erros como lição, já parece lugar comum na boca quente do torcedor alvinegra, cansado de constantes humilhações. Tem sido assim ao longo dos últimos anos: disputas internas da cartolagem, muitas contratações erradas, bons valores que deixam o clube por “merrecas”, atletas das categorias de base que são desviados ou negociados a preço de banana e ações trabalhistas que tiram dos cofres do clube o já minguado saldo das combalidas bilheterias.
Para completar o quadro caótico em que se apresenta o Campeonato Cearense de 2008, há um descrédito em relação a arbitragem e um abusivo aumento no valor dos ingresso, o que traz como resultado o crescente afastamento do torcedor das praças esportivas. Hoje sai mais barato assistir a um show de uma banda de forró - a paixão do cearense – que assistir a uma partida de futebol. Começa que em um show de forró, quase sempre são várias bandas se apresentando, com no mínimo seis horas de música, mulher bonita e cerveja gelada, onde todo mundo se dá bem! Ninguém sai perdendo, quando muito empatando! Pagando, dependendo do local e das atrações, de R$ 5,00 a R$ 20,00 por pessoa.
No futebol, o ingresso mais barato sai por R$ 15,00 e o mais caro sai por R$ 30,00, não há um mínimo de conforto, onde paga-se caro por tudo para se beber ou comer e ainda se corre o risco de ver o seu time perder e ainda por cima ser roubado ou agredido na saída dos estádios, sem falar no transporte coletivo disponibilizado de forma reduzida e de péssima qualidade.
Não é uma clara apologia ao esvaziamento do sofrido campeonato cearense, porém, um alerta para aqueles que fazem o futebol na terra de Iracema: repensem e busquem soluções urgentes sob pena de se ter daqui há alguns anos um campeonato somente com a heróica presença da forte e atuante crônica esportiva que, até por dever de ofício, jamais abandona os gramados de futebol!

LUIS GUILHERME

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

II Encontro de Comunicação da FaC - 2007

As Faculdades Cearenses – FaC, através da Coordenação dos Cursos de Comunicação Social e contando com o apoio de vários professores, promoveu nos dias 6, 7 e 8 de novembro, o II Encontro de Comunicação, com a realização de atividades nos Campi I e II daquela instituição.
Várias palestras foram realizadas, como A publicidade e o mercado de trabalho, proferida pela Professora Kátia Camargo; Fanzine: uma mídia alternativa, proferida por Fernanda Meireles, diretora da ONG Zinco; O papel do marketing no mundo contemporâneo, proferida pela Professora Vânia Tajra; Redação e criação publicitária, proferida pelo publicitário e professor Carlos Eduardo Bittencourt; e finalmente, a mais esperada, Jornalismo: História e profissão no Ceará, proferida pela renomada jornalista e filósofa, Professora Adísia Sá. Com todas as palestras bastante concorridas. Houve ainda, a realização de seminários e painéis de debates, além de exposição de diversos trabalhos experimentais, de fotografias, textos e cartazes, fanzines e exibições de filmes e mostra de vídeos.
Dentre as atividades mais concorridas, pode-se destacar as exposições de fotografia: Caninfé, de Jorge Freire; Imagens de Rua (foto digital) de Joanice Sampaio; e a de Fotopoesia, bem como as várias oficinas, como: Texto para TV (facilitador: Marco de Escóssia); Assessoria de Imprensa para eventos (facilitadoras: Professoras Ana Cristina Cavalcante e Professora Eugênia Cabral); Técnicas de locução (facilitador: Professor Paulo Paiva); Fotografia (facilitador: Marcos Vieira); Prática da educação de voz e dicção (facilitadora: Regina Viana); Fanzine: Mídia alternativa como ferramenta pedagógica, registro e resistência cultural (facilitador: educador social Jack de Carvalho); Internet: recursos e ferramentas (facilitador: Eberth Melo); Blog: uma possibilidade de jornal na web e Publicidade e Propaganda: criando com fanzines (facilitadora: Professora Emanuela Florêncio). O Professor Carlos Perdigão ministrou um curso de Literatura Brasileira no Cinema, nos dias 7 e 8, e que contou com a participação de vários alunos.
Durante o II Encontro de Comunicação foram realizados dois concursos, abertos aos alunos de comunicação, um de Fotografia, com tema livre, e outro de Textos e Cartazes, que teve como tema a solidariedade, ambos com significativa participação. Ao final do evento, houve uma confraternização, com entrega de premiação aos vencedores dos concursos, em suas respectivas categorias, e o encerramento se deu com um show musical, no auditório do Campus II, que contou com a participação de vários professores e alunos, não só da área de comunicação, como dos demais cursos das Faculdades Cearenses - FaC.
O Prof. Sidney Cláudio, coordenador dos cursos da área de comunicação social das Faculdades Cearenses – FaC, avaliou de maneira positiva o evento e espera uma participação maior ainda, de alunos e professores, para o III Encontro de Comunicação, que acontecerá em 2008, para que o evento seja uma referência no calendário acadêmico das Faculdades Cearenses – FaC.

Luis Guilherme Moura Gaya

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

ARTIGO SOBRE A EXPOSIÇÃO DE FOTOPOESIA

Como parte da programação do II Encontro de Comunicação, promovido pelas Faculdades Cearenses – FaC, nos dias 6, 7 e 8 de novembro, aconteceu na sala D 5, do Campus I, a Exposição de Fotopoesia, denominada “Palco”, da aluna do terceiro semestre de Jornalismo Narayana Teles, natural de Fortaleza.
A estudante Narayana Teles denomina-se uma amadora na arte de viver e amante da poesia. Várias fotografias puderam ser vistas, sempre com um poema como legenda, apresentando um elo, uma ligação pertinente. Como que uma apresentação do seu trabalho, ela diz: “Fotografar não é apenas ver o que nossa reles retina está acostumada. É ir além, saber interpretar esse mundo que nos rodeia e nada melhor do que a poesia para fazê-lo. Eis aqui o palco em que cada ator encena o seu papel nas entrelinhas cotidianas da vida”.
Uma carga de lirismo é recorrente em sua poesia, como se pode observar nos seguintes versos: “O frio na barriga é inevitável. Ao adentrar no palco o magma de meus sentimentos é derramado a cada olhar trocado. Os passos ensaiados, acompanhados por muita gente, resplandecem em mim a volúpia incessante de amar”.
A luta incessante do homem moderno e o eterno buscar-se e encontrar-se também são enfatizados: “O caminho de casa é longo, um cenário paupérrimo de cores e efeitos atravessa o meu caminhar. É difícil chegar, mas o fardo enjoa-me, não me motiva a andar.”
As contradições do mundo moderno e porque não dizer, as constatações de uma sociedade corrompida, produto da indústria cultural, têm reflexos em seu trabalho: “Andarei nu, pois cansei desse mundo pós-industrial. Irei despir minhas idéias, pois aqui não me é válido sonhar. De que adiantam as rimas se não sei amar”
Juntar essas duas artes, fotografia e poesia, foi uma idéia muito pertinente da estudante Narayana Teles e aqueles que tiveram a oportunidade de apreciar suas obras ficaram com uma boa impressão, como a aluna do quarto semestre de jornalismo, Roberta Kelma, “Seus versos nos dão a clara noção de que correm pelas suas veias o mais puro sangue de uma poetisa outrora adormecida e que, à luz de centelhas de talento e criatividade, contribuiu de maneira significativa para o engrandecimento desse evento”, concluiu Roberta Kelma, que participou ativamente de várias atividades ocorridas durante o II Encontro de Comunicação, promovido pelas Faculdades Cearenses – FaC.
Trabalho apresentado em equipe:
Luis Guilherme Moura Gaya e Vera Maria Cavalcante

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

POEMA DE ROGACIANO LEITE


O poema abaixo é um hino ao trabalhador brasileiro, de autoria de um dos mais expressivos intelectuais cearenses.

OS TRABALHADORES

Uma língua de fumo,enorme, bandoleante,
Vai lambendo o infinito - espessas e fatigada...
É a fumaça que sai da chaminé bronzeada
E se condensa em nuvens pelo espaço adiante!

Dir-se-ia uma serpente de inflamada fronte
Que assomando ao covil,ameaçadora e turva,
E subindo... e subindo...assim, de curva em curva,
Fosse enrolar a cauda ao dorso do horizonte!

Mas, não! É a chaminé da fábrica do outeiro
-Esse enorme charuto que a amplidão bafora-
Que vai gerando monstros pelo céu afora,
Cobrindo de fumaça aquele bairro inteiro.

Ouve-se da bigorna o eco na oficina,
O soluço da safra e o grito do martelo...
Como tigres travando ameaçador duelo
As máquinas estrugem no porão da usina!

É o antro onde do ferro o rebotalho impuro
Faz-se estrela brilhante à luz de áureo polvilho!
É o ventre do Trabalho onde gera o filho
Que estende a fronte loura aos braços do Futuro!

Um dia, de uma idéia uma semente verte,
Resvala fecundante e, se agregando ao solo,
Levanta-se... floresce... e ei-la a suster no colo
Os frutos que não tinha - enquanto estava inerte!

Foi o germe da Luz, a flor do Pensamento
Multiplicando a ação da força pequenina:
-De um retalho de bronze uma oficina!
-De uma esteira de cal gerou um monumento!

Trabalhar! Que o trabalho é o sacrifício santo,
Estaleiro de amor que as almas purifica!
Onde o pólen fecunda, o pão se multiplica
E em flores se transforma a lágrima do pranto!

Mas não vale o Trabalho andar a passo largo
Quando a estrada é forrada de injustiça e crimes...
Porque em vez de frutos dúlcidos, sublimes,
Gera bagos mortais e de sabor amargo!

Ide ver quanto herói, quanto guindaste humano
Sob a poeira exaustiva e o calor fatigante,
Os músculos de ferro, o porte gigante,
Misturando o suor o seu pão quotidiano.

Sua força é milagre! A redenção bendita!
O seu rígido braço é a enérgica alavanca
O escopro milagroso, a chave que destranca
O Reino do Progresso onde a Grandeza habita!

Sem os pés desse herói a Evolução não anda!
Sem as mães desse bravo uma nação não cresce!
A indústria não produz! A campo não floresce!
O comércio definha! A exportação debanda!

No entanto, vêde bem! Esses heróis sem nome,
Malditos animais que ainda escraviza o ouro,
Arrastam - que injustiça! - o carro do tesouro,
Atrelados à dor, à enfermidade, e à fome!

Quanto prédio imponente e de valor suntuário
Erguido para o céu, firmado no infinito,
Indiferente à dor, indiferente ao grito
De desgraça que invade a choça do operário!

De dia é no labor! Exposto ao sol e à chuva!
De noite, na infecção de uma choupana escura
Onde breve uma filha há de tornar-se impura
E uma mulher faminta há de ficar viúva!

Nem mesmo o sono acolhe as pálpebras cansadas!
O leite é a umidez dos fétidos mocambos!
O pão é escasso e duro! As vestes são molambos
E o calçado é paiol das ruas descalçadas!

Ali, a Medicina é estranho um só prodígio!...
Nunca um livro se abrirá em risos de esperança
Para encher de fulgor os olhos da criança,
Apontando-lhe o céu... mostrando-lhe um vestígio!...

Tudo é treva e descrença! O próprio Deus é triste
Ouvindo esse ofegar de corações humanos...
E a Lei - mulher feliz que dorme há tantos anos -
Não acorda pra ver quanta injustiça existe!

Onde está esse amor que os sacerdotes pregam?
Onde estão essas leis que o Parlamento imprime?
O Código não pode abrir o seio ao Crime,
Infamando o pudor que os Tribunais segregam!

Vêde bem da fornalha a rubra labareda!...
Olhai das chaminés o fumo que desliza!...
Pois é o sangue... É o suor do pobre que agoniza
Enquanto a lei cochila entre os divãs de seda!

Que é feito desse herói? Ninguém lhe sabe a origem!
O Poder nunca entrou nas palhas do seu teto...
Somente a esposa enferma, o filho analfabeto,
E lá nos cabarés, - a filha... que era virgem!

Existe essa legião de mártires descrentes
Em cada fim de rua, em cada bairro pobre!
É desgraça demais que num país tão nobre
Que teve um Bonifácio e deu um Tiradentes

Será preciso o sangue borbotar na lança?
E o cadáver do povo apodrecer nas ruas?
Tu não vestes, ó Lei, as próprias filhas tuas?
Morre, pois, mãe cruel, debaixo da vingança!

Mas eu vejo que breve há de chegar a hora
Em que a voz do infeliz é livre - na garganta!
Porque sei que esse Deus que nos palácios canta
É o mesmo Deus que pelos bairros chora!

Quanto riso aqui dentro! E lá fora, os brados!
Quantos leitos de seda! E quantos pés descalçados!
Já que os homens não vêem esses decretos falsos,
Rasga, cristo, o teu manto! Abriga os desgraçados!...

Fortaleza,1947.

Rogaciano Leite
(Poesia que está inserida num marco da

Praça Vermelha de Moscou, onde o poeta esteve em 1968.)

O poema em prosa abaixo transcrito, de autoria de Clarice Lispector, mostra de maneira suave e elegante, com forte carga de um lirismo envolvente, o fantástico universo dos corações daqueles que se deixam, docemente, apaixonar e que provam, com sua indescritível sutileza, que o amor ainda consegue produzir lampejos de eterna magia. Eu só discordo quanto à Minas Gerais. Acho que em todos os rincões deste país as pessoas podem ter o privilégio de serem bobas. Basta, tão somente, que para isso, deixem sempre abertas as janelas dos seus corações para que uma brisa de felicidade suprema, em todo o seu excesso, possa balançar suas almas, ao som harmonioso de uma valsa vienense...



Das Vantagens de Ser Bobo



O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.



Clarice Lispector

MEU AVÔ LEVI HALL DE MOURA


Durante a minha infância, em Belém do Pará, tive contato com meus avós de forma não tão constante como deveria mas o suficiente para assimilar muito do que sou, com a observação de impressões, contrastes e costumes do povo da minha terra. Sem dúvida alguma, o que marcou de forma indelével em minha memória foi o pai de minha mãe Germana, o vovô Levi, talvez por suas idéias e pensamentos e o jeito polêmico de ser. Depois, já crescido, tive oportunidade de conhecer um pouco do seu trabalho e modo de pensar e ter a exata noção das injustiças pela qual passou, sempre por defender um ideal e por estar do lado, e ao lado, dos oprimidos e carentes de oportunidades. Os que estavam à margem do processo, os excluídos. Um fato banal, sem muita significância, mas de uma carga simbólica muito pertinente, acompanha-me pelo resto de minha vida. Jamais esqueço quando, ao telefone, ligávamos para sua residência e quando vovô Levi, atendia, nós dizíamos, propositadamente, que queríamos falar com a vovó Amélia e se ele poderia "chamar ela", no que, mais que rapidamente, vinha a correção: "chamá-la, seu menino!" Por ocasião de sua morte, em 1984, eu, um jovem estudante de Direito da Universidade Federal do Pará – UFPa, impregnado de idéias marxistas, que eram reccorrentes nos bancos acadêmicos, o tinha como uma referência, sobretudo por suas façanhas, diante dos poderosos, relatadas pelos meus tios Maurílio, Arnaldo e Júlio. Lembro, como se fosse hoje, eu ao volante de um Ford, marca Belina, ao lado de minha mãe, atendendo ao telefonema de meu outro tio, o Marcos, informando do grave estado de saúde de meu avô. Uma parada cárdio-respiratória nos fez ir ao socorro daquele que, horas depois, daria o seu último suspiro na terra e deixaria o solo paraense um pouco mais triste de idéias. E embora ele não tivesse Bandeira no sobrenome, ele tinha uma bandeira a tremular no coração velho e debilitado e eu como homenagem faço uma paródia de um verso de Carlos Drummond de Andrade para o saudoso Manuel Bandeira, por ocasião de sua morte, e também digo: “Ontem, hoje, amanhã, a vida inteira; teu nome é para nós Levi: Bandeira!”.

Abaixo publico em meu blog uma reportagem publicada no jornal de maior circulação do Estado do Pará e que traça um perfil do humanista que foi Levihall, numa homenagem pelo transcurso do centenário de seu nascimento.

Luis Guilherme Moura Gaya


Jornal O Liberal, de 1º de outubro de 2007

ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS (APL) CELEBRA HOJE O CENTENÁRIO DE LEVI HALL DE MOURA, COM DESAGRAVO

Juiz, literato e marxista, paraense foi cassado, aposentado e impedido de ensinar

Levi Hall de Moura gostava de aprofundar os temas, até mesmo nas conversas informais. Escritor, jornalista, filósofo e magistrado, foi um dos mais ilustres intelectuais paraenses do século passado e referência não só para os 14 filhos, mas para qualquer estudante dedicado que batesse à sua porta. Antes de morrer, em 1984, foi aposentado compulsoriamente e impedido de lecionar pela ditadura militar, vivendo anos no ostracismo. Hoje, dia em que completaria cem anos, Levi será homenageado na XI Semana Cultural, organizada pela Academia Paraense de Letras (APL). O evento segue até sexta-feira, com palestras sobre diversos temas voltados às literaturas paraense e universal.
Membro da Academia Paraense de Letras (APL), a maior produção literária de Levi ficou nos jornais Folha do Norte e Folha Vespertina. Escreveu poesias, romances e até peças de teatro. 'Tinha um estilo literário reflexivo', diz o filho, o advogado Maurílio Moura. 'Os críticos da época diziam que existia um ‘múltiplo Levi’'. No romance 'Terreno e Infante', publicado em 1970, tratou da fragilidade do homem diante da vida e não escondeu, segundo Acyr Castro, seu comprometimento político-partidário nas páginas da obra. Levi era comunista convicto.
Mais tarde, em 1986, a publicação póstuma 'Oceano Perdido' revela um homem engajado politicamente de acordo com os princípios marxistas, o que explica a perseguição que lhe foi imposta pelos militares. No entanto, de acordo com os filhos e membros da APL, foi uma crítica literária publicada na Folha do Norte o motivo da perseguição. Na coluna 'Caminhos dos livros', escreveu sobre o livro 'Terra Encharcada', lançamento de Jarbas Passarinho na época. A partir de então, além de aposentado compulsoriamente dois anos antes, foi proibido de escrever para jornais e lecionar em universidades.
'Nosso pai foi humilhado, perseguido e impedido de exercer suas profissões', diz Júlio Moura, filho de Levi, também advogado. Em sociedade, Hall de Moura denunciava as desigualdades. Em casa, tratava os filhos como alunos. 'Ele nos orientava, lia história, indicava livros e ensinava português', conta Júlio. De acordo com os filhos, cada pergunta rendia uma aula profunda sobre qualquer assunto. 'Tinha uma aura de professor. Mas era horrível quando ele resolvia dar aulas de análise sintática, demorava horas', lembra Maurílio.
APAIXONADO
Aos 13 anos, Levi Hall já escrevia para o Estadinho, suplemento do jornal o Estado do Pará. 'Naquela época, nosso pai não tinha idade para entrar em bibliotecas. Então, pedia aos diretores para entrar. Era um apaixonado por livros', diz Maurílio. Hall de Moura estudou no Ginásio Paes de Carvalho e cursou direito na Faculdade de Direito do Largo da Trindade, na década de 1930. Desde então, dedicou-se exclusivamente aos livros. 'Era um especialista em diversos assuntos. Como escreveu Vicente Salles, em 'O Negro no Pará': ‘dedico este livro a Levi, mestre neste assunto’', conta o filho.
Hall de Moura era simples. Atendia a todos em casa e, segundo os filhos, adorava uma prosa logo cedo. 'Passava manhãs inteiras conversando e discutindo. Sua paixão era falar dos livros', conta Maurílio. 'Os amigos e estudantes apareciam e pediam: ‘doutor Levi, gostaria que o senhor me falasse sobre o marxismo’, ou qualquer outro assunto'. Apesar da boa vontade com todos, Levi foi preso e teve a casa invadida mais de uma vez. Livros foram destruídos, teve o salário de juiz cortado e passou privações com a família.
Exemplo das arbitrariedades cometidas pela ditadura, Levi Hall de Moura fora marginalizado a partir da própria competência como homem de leis e exímio conhecedor literário. 'Um homem que sabe muito, torna-se perigoso aos aproveitadores, corruptos e reacionários', escreveu Maurílio, sobre o pai. Depois das homenagens na XI Semana Cultural, a Academia Paraense de Letras (APL) criará o Prêmio Cultural Levi Hall de Moura, para todos os gêneros artísticos julgados pela academia. Durante a semana de eventos, os acadêmicos discutirão também temas como 'A Literatura de Cordel no Brasil e no Pará', 'A importância da Leitura' e 'A dimensão política da arte'. Também participam da semana os acadêmicos Denis Cavalcante, Antônio José Mattos, Roberto de Carvalho, e os poetas Antônio Juraci Siqueira e Apolo Monteiro.

A TRISTE PARTIDA


Com a aproximação de dezembro, o futebol brasileiro experimenta uma trégua, que vai até a primeira semana de janeiro do próximo ano, quando os campeonatos estaduais têm início e tudo volta ao que era antes. Sim, porque em se tratando de futebol, o novo nunca vem. Tem sido assim, pelo menos, nos últimos dez ou quinze anos.
Falo do futebol nacional e mais especificamente do futebol cearense. No início deste ano, como vem acontecendo sempre, os dirigentes anunciam que as coisas irão mudar da “água para o vinho” e o torcedor poderá esperar, para os clubes de futebol, um elenco digno das tradições dos nossos grandes clubes.
Com o início da temporada, vem a constatação de que as palavras são como a fumaça. Anunciam o fogo, mas o vento acaba por levar, e no final, se dissipa, não deixando nem o cheiro. Os dois grandes clubes da capital, Ceará e Fortaleza, vieram de uma medíocre campanha em 2006, quando um esteve o tempo todo por cair para a Terceira Divisão e o outro desabou na Segunda Divisão, sem pena, nem piedade.
Seria no mínimo sensato que os nossos dirigentes, já prevendo uma certa reticência por parte do torcedor em 2007, buscassem formar equipes ao menos competitivas e com plantéis com atletas de mediano para bom.
Mas nada disso aconteceu. Ao contrário, o Campeonato Cearense teve início e serviu de “bucha de canhão” para uns atletas e de “proveta” para outros. As equipes deram início ao Brasileiro da Série B tendo que reformular quase que por completo seus elencos e ao longo de todo o Campeonato Nacional, contratações se processaram sem um mínimo de critério, a não ser o financeiro.
Até que os treinadores não se omitiram. O do Ceará, por exemplo, Heriberto da Cunha, já cansado de não ser ouvido pela Diretoria do Alvinegro, resolveu abrir o “verbo” e afirmou para quem quisesse ouvir que ao Ceará faltava comando. Não satisfeito e vendo que suas declarações não haviam surtido o efeito desejado, já que as contratações não vieram, mais uma vez veio a público dizer que “um verme” havia se instalado em Porangabussu e era o causador do atraso secular do clube.
O campeonato seguia sem muita perspectiva para o Ceará, que embora não tenha figurado nenhuma vez na temível zona do rebaixamento, jamais chegou a realizar uma seqüência de jogos convincentes na competição. Resultado: o torcedor que já não vinha caminhando de braços dados com o time resolveu virar-lhe as costas e o que se viu foram partidas com uma melancólica presença de público, algo incompatível com as tradições e glórias do Ceará Sporting Club.
O Fortaleza, embora tenha levantado o caneco no Campeonato Estadual, foi outro que não soube planejar corretamente para a duas competições nacionais que disputou em 2007. Na Copa do Brasil, não teve vida longa, o que já está se tornando uma constante nos últimos anos. Já no Brasileiro da Série B, teve um início até que satisfatório, porém, experimentou uma queda de produção e chegou a estar entre os quatro clubes que cairiam para a Série C. Foi mais ousado e realizou contratações na reta final da competição, o que o livrou, não somente do rebaixamento, mas da fúria de sua torcida, que não engoliria outro rebaixamento consecutivo, sem falar na confortável posição que alcançou com o término da competição, num 5º lugar digno de registro, pela extraordinária superação.
Ferroviário e Icasa, nossos dois representantes na Série C, até que tentaram fazer alguma coisa de bom, mas infelizmente só têm conseguido atrapalhar as pretensões dos nossos grandes em competições estaduais. Sobretudo o Icasa, que chegou ao vice-campeonato deste ano e, com um elenco até razoável, tinha a simpatia e esperança de toda a região do Cariri de fazer bonito numa competição promovida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Em relação à arbitragem tivemos boas atuações no campeonato cearense e uma gritante exclusão em competições nacionais como Copa do Brasil e Séries A, B e C. Pelo nível da arbitragem nacional, pelo menos na observação dos árbitros que atuaram nos jogos dos clubes cearenses, os daqui não ficam atrás de nenhum deles. Pelo contrário, tivemos péssimas arbitragens de baianos, pernambucanos, cariocas, enfim, o nível da arbitragem nacional anda capengando e necessita, com urgência, de uma reciclagem, para não usar outro termo mais forte.
Agora, com as férias dos atletas, é tempo de se pensar em 2008 e buscar no profissionalismo e na seriedade, alternativas viáveis, para o nosso futebol. Sempre houve o entrave do fator financeiro que pesa de maneira direta para a elaboração de um planejamento eficaz. Porém, muitas alternativas podem ser estudadas e viabilizadas. Um convênio com o Governo do Estado, através da Fazenda Estadual, com ingressos subsidiados através de troca por nota-fiscal, o sorteio de prêmios aos torcedores que comparecerem aos jogos ou prêmios proporcionais àqueles que apresentarem os canhotos dos jogos do seu time, ao final do campeonato. Uma casa ou um carro popular, quem sabe?
Com as prefeituras dos municípios com clubes participantes em competições estaduais poderiam ser celebrados acordos para estimular o aumento das receitas com IPTU, ISS e IPVA, através da troca de ingressos ou adoção de preços diferenciados. Empresas da iniciativa privada podem ser estimuladas a realizar promoções em troca de incentivos fiscais. Mulheres, estudantes e crianças deveriam ter um tratamento diferenciado, inclusive com entradas específicas nos estádios. E o grande vilão da história: o transporte coletivo. Buscar uma solução para que o torcedor não fique à míngua, vagando pelo entorno do Castelão ou Presidente Vargas, sem condições de voltar para casa, após uma partida de futebol, sobretudo os clássicos.
Buscar alternativas sensatas e que venham efetivamente contribuir com o futebol cearense sem qualquer tipo de demagogia ou propósito eleitoreiro, para que a melhor mercadoria do nosso futebol não fique desestimulada e abandone de vez as nossas praças esportivas. E quando 2008 chegar ao seu final, todos juntos não tenhamos que entoar: “Setembro passou, com outubro e novembro, já tamo (sic) em dezembro. Meu Deus que é de nós?

A ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO


Aqueles que nunca penetraram nos domínios da ciência.
São cegos ante a grande poesia que os rodeia”
Herbert Spencer




Toda a atividade humana requer um mínimo de vontade e de interesse para que seja plenamente assimilada pelos nossos sentidos. Quando me inclinei para os estudos relacionados com as atividades jornalísticas tinha a plena convicção de que haveria, eu não diria a necessidade, mas sim, o prazer, de aprofundar o meu interesse pela leitura sistemática de todos os temas que se nos são apresentados no nosso dia-a-dia, para, como diria o Professor Carlos Perdigão, acrescentar algo em meu capital cultural.
Foi com alegria incomum que, à exemplo das cadeiras anteriores, de Língua Portuguesa (I, II e III), pude perceber a clara noção da importância de se buscar o conhecimento através da leitura e constatar, ainda, o quanto de “atraso cultural” estamos submetidos e verdadeiramente aprisionados e o quanto teremos que trabalhar no sentido inverter esse quadro para que se coloque favorável à busca do pleno e laborioso conhecimento.
Saber se colocar diante de uma produção textual, observar as sutilezas dessa produção, sempre observando a coerência e a coesão textual, interpretar um texto adequadamente, colocar no papel todas as nossas impressões e por que não dizer, aflições, com que percebemos o mundo que nos cerca.
Todos esses aspectos foram experiências por demais enriquecedoras e levarei para o resto de minha vida como exemplo a ser seguido e sempre buscando provocar no outro aquilo que a dialética chama de elevação da alma através do logos, para que todos nós possamos superar as contradições e as imperfeições da vida e caminhar, sem pretensão piegas, em busca de melhor conhecer a poesia e o mundo que nos rodeia.

Luis Guilherme Moura Gaya

domingo, 21 de outubro de 2007

AS DORES DO MUNDO


Durante muito tempo eu acreditei que o nosso caminho era traçado, predominantemente, por tudo que construímos de experiências e vivências, e que só precisaríamos nos moldar às contingências e às vicissitudes que a vida nos impõe. Palavras como destino e sorte não passavam de quimeras e devaneios e que deveríamos de tudo fazer para alcançarmos a felicidade plena. Ledo engano! A vida nos prega peças e nos deixa feridas que jamais saram e quando saram deixam cicatrizes que carregamos no corpo como tatuagem. A confiança perdida jamais é recuperada e quem ontem caminhava ao nosso lado, hoje pode muito bem estar do outro lado do muro das aflições a nos atormentar. Estamos presos a um mundo cruel e vivendo no meio de feras, e, como dizia Augusto dos Anjos, poeta pré-modernista, acabamos por “sentir necessidade de também ser fera, pois a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Não mais se pode acreditar numa verdade que se nos parece transparente. Se bem que não se possa falar em verdade, e sim, em verdades. Penso como Schopenhauer, ao afirmar que “o sofrimento é a essência da existência humana”, condição sine qua non de quem passa por esse mundo, e portanto, sendo a vida sofrida por natureza. Nesse sentido, somente a forma como a dor se nos apresenta é que seria acidental, contingente. Vivemos entre a dor e o tédio, pois, segundo o autor de O Mundo Como Vontade e Representação, “depois de o homem colocar todas as dores e tormentos no inferno, não sobrou mais nada para o céu a não ser tédio”. Ele vai mais além, ao afirmar que o universo é tão fortemente governado pelo sofrimento que o cristianismo não pode sequer representar a si mesmo a não ser por meio de um símbolo de tortura. O próprio mundo é o tribunal do mundo, e, como diria Sartre, “somos condenados a ser livres”. Mas tudo tem o seu lado bom, aliás, ouvi dizer que até o sofrimento e a dor têm seu lado bom. Justamente quando vem o alívio por acabarem de nos atormentar, de nos afligir. Muitos já se fizeram esta pergunta: Como pode o mundo conviver com tanto sofrimento? Há um Deus a nos acompanhar? Albert Camus, no alto de sua sabedoria, dizia não poder existir um Deus que seja só amor e providência, pois, se assim o fosse, necessariamente, haveria de ser surdo e mudo para não atender aos apelos dos aflitos.
De qualquer forma, estamos vivendo nos dias atuais e de forma mais intensa, o eterno embate entre natureza e cultura, onde o egoísmo se divide em instinto de conservação e instinto de aperfeiçoamento e que pode ser assim resumido: Existia um homem natural; dentro desse homem introduziram um homem artificial; e, dentro da caverna, iniciou-se uma guerra que dura a vida inteira! Hegel, em A Razão na História, afirma de forma categórica: “o estado de natureza é, antes, o estado de injustiça, da violência, do instinto natural desenfreado, das ações e dos sentimentos desumanos!” E convivamos com esse estado de coisa!

Luis Guilherme M. Gaya

Faculdades Cearenses - FaC investem na qualidade funcional


O objetivo é aumentar a eficiência, produtividade e bem estar com melhoria na qualidade de vida do corpo funcional, através da implantação de programa de exercícios físicos regulares na instituição.

Os grandes desafios que o mundo moderno apresenta ao homem têm provocado mudanças significativas em seus hábitos e costumes para que cada vez mais o escasso tempo disponível possa ser preenchido com qualidade e bem estar, quer no trabalho, quer no lazer. Na atual relação com o mercado de trabalho, os avanços tecnológicos e a constante necessidade de superação e estabelecimento de metas, vêm ocasionando um intenso processo de doação e comprometimento por parte do funcionário, o que obriga as empresas a operarem em tempo integral para satisfazer às necessidades de seu público alvo. Tal política, tem ocasionado não só um desgaste mental, como também um desgaste físico no corpo funcional, o que pode resultar em estresse, cansaço, e até problemas mais complicados, comprometendo o desempenho e o bem-estar de muitos funcionários, submetidos a jornadas de trabalho prolongadas.
Para tentar minimizar o problema, especialistas em medicina do trabalho criaram a ginástica laboral, atividade física orientada, praticada durante o horário do expediente, visando benefícios pessoais no trabalho. Tem como objetivo minimizar os impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e na saúde do trabalhador e evitar a queda na produtividade na empresa. Os benefícios para o trabalhador e para a empresa foram significativos.
Dentro dessa perspectiva, as Faculdades Cearenses – FaC, instituição de ensino superior, localizada na Av. João Pessoa, em Porangabussu, Fortaleza-Ce, implementou, junto ao seu quadro funcional, a prática da ginástica laboral, contratando o professor Máximo Maciel, para ministrar as aulas. Profissional da área de Educação Física, Máximo Maciel, com experiência no trabalho com funcionários e colaboradores de grandes empresas, destacou os benefícios da prática da ginástica laboral. Para o trabalhador, a ginástica laboral promove a reeducação postural; alivia o estresse; diminui o sedentarismo; aumenta o ânimo para o trabalho; promove a saúde e uma maior consciência corporal; promove a integração social; melhora o desempenho profissional; diminui as tensões acumuladas no trabalho; previne lesões e doenças por traumas cumulativos, como as LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e os DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho).
Já os benefícios da ginástica laboral para as empresas são: a diminuição na ocorrência de faltas ao trabalho por motivos médicos e também a diminuição dos acidentes de trabalho. Há, inclusive, estudos constatando um retorno de até cinco vezes a verba investida por uma empresa em programas de implementação de atividades que melhoram a qualidade de vida do trabalhador dentro da empresa, como ginástica e hábitos de saúde e alimentares, o que se traduz considerando faltas, encargos sociais e outros fatores relacionados à saúde, afetando a produtividade da empresa.
Nas Faculdades Cearenses - FaC, o projeto de implementação da ginástica laboral surgiu da necessidade dos funcionários terem um melhor desempenho, aliado a uma qualidade de vida melhor, pois, a instituição funciona, desde as primeiras horas da manhã, até às 22:00h, em turnos, e alguns funcionários têm que fazer hora-extra. Os exercícios de ginástica laboral são sempre realizados às terças e quintas-feiras, após o horário dos expedientes (turnos), com duração de 10 minutos, a sessão. Professores e funcionários da instituição participam das atividades que são sempre incrementadas com atividades complementares de cunho motivacional. Os benefícios da ginástica laboral estão relacionados diretamente ao tipo de trabalho que é realizado. A maioria dos exercícios tem por fito amenizar a tensão constante a que é submetido um funcionário ao executar determinada tarefa, seja física ou de natureza intelectual. Funcionários que realizam trabalho braçal, com manuseio de instrumentos, ferramentas ou produtos têm um programa de exercícios diferenciados, com ênfase para a parte muscular. Por exemplo, funcionários que trabalham em serviços gerais e com reforma e manutenção patrimonial, devem ser orientados para a prática de exercícios que evitem o surgimento de lesão muscular ou algo similar, por fadiga dos músculos, ocasionados por sobrecarga. Já os funcionários da parte administrativa, como digitadores, secretárias, atendentes etc e os professores, os exercícios são direcionados para a correção postural, em decorrência de problemas relacionados com a má postura, fadiga muscular ou visual, pela longa exposição, quer em pé, sentado, digitando etc. Assim, um bom programa de atividades para trabalhadores administrativos ajudará a diminuir lesões no ambiente de trabalho. O ideal é que a cada duas horas de trabalho o funcionário realize alguns minutos de atividade física, afirma o professor Máximo Maciel.
Funcionários administrativos e professores das Faculdades Cearenses - FaC, que participam do programa de ginástica laboral, foram procurados para darem seus relatos e todos foram unânines em suas opiniões: “a ginástica laboral tem ajudado na melhoria de nossa saúde física, reduzindo e prevenindo problemas futuros. Não sobrecarrega nem cansa, pois é leve e de curta duração, trazendo ainda, uma maior integração entre os funcionários”. Afirmou um funcionário da instituição.

Fortaleza(CE), 18 de outubro de 2007.


Luis Guilherme Moura Gaya

Matéria realizada pelo aluno Luis Guilherme Moura Gaya, do curso de jornalismo, 4° semestre, turma JJ42, de acordo com a pauta “A prática da ginástica laboral nas Faculdades Cearenses”, elaborada pela aluna Hercilia Maria Pereira Duarte, também do curso de jornalismo, 4° semestre, turma JJ41, como parte das atividades curriculares da disciplina Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa Jornalística, ministrada pela profª Mara Cristina.

sábado, 20 de outubro de 2007

MENSAGEM AOS AMIGOS E COLEGAS RADIALISTAS PELA PASSAGEM DO NOSSO DIA: 7 DE NOVEMBRO!


Que todos nós possamos fazer do microfone um condutor da verdade, mantendo a nossa conduta firme e serena para que possamos equilibrar o nosso senso de justiça, direcionando o nosso conhecimento, adquirido no dia-a-dia, para produzir faíscas de esperanças, não permitindo que nos percamos pelos caminhos distantes da razão. Jamais deveremos deixar algum sentimento distorcer a essência do que precisa ser dito, com clareza e sem jamais abandonar a verdade. Que a razão ilumine as nossas palavras para que elas carreguem alento. Concedendo-nos sabedoria para falar e bastante paciência para saber ouvir.
Inspirando-nos com bons pensamentos e que possamos defender apenas aquilo em que acreditamos e que seja fio condutor da verdade. Necessário se faz nos mantermos, na lida diária, firmes e seguros na sinuosa pista da humildade. Que a nossa voz se faça ouvir sem frieza nem sensacionalismo, livre da arrogância, do medo, da vaidade e da indiferença. Devemos evitar que pessoas inescrupulosas usem indevidamente a nossa voz ou o nosso nome para prejudicar alguém. Que a nossa voz possa ser um instrumento para a consolidação da cidadania, da credibilidade e do espírito da isenção. Devemos, ainda, pedir clareza para a nossa alma para que o bom senso impeça que nos induzam aos pré-julgamentos ou as condenações, corrigindo os nossos excessos de individualidade, tornando-nos mais flexíveis. Que a firmeza seja uma constante para não escorregarmos nas armadilhas da palavra. Que as nossas cordas vocais, ferramenta de trabalho, instrumento do nosso ganha pão, sejam companheiras constantes e não nos abandonem. Da mesma forma, que todos os nossos ouvintes, razão do nosso trabalho, estejam sempre ao nosso lado, prontos para uma palavra de conforto e nos presentear com o mais pura amor no coração e firme propósito na alma.

Luís Guilherme M. Gaya
radialista profissional

ORAÇÃO DO RADIALISTA


Senhor faça deste microfone um condutor da verdade.

Mantenha-me firme e sereno para equilibrar o meu senso de justiça.

Direcione o meu conhecimento para produzir faíscas de esperança.

Não permita que me perca pelos caminhos distantes da razão.

Jamais deixe algum sentimento distorcer a essência do que precisa ser dito.

Senhor ilumine as minhas palavras para que elas carreguem alento.

Conceda-me sabedoria para falar e bastante paciência para saber ouvir.

Inspira-me com bons pensamentos e que eu defenda apenas o que acredito.

Senhor mantenha-me seguro todos os dias na sinuosa pista da humildade.

Que a minha voz se faça ouvir sem frieza nem sensacionalismo.

Livra-me da arrogância, do medo, da vaidade e da indiferença.

Evite que usem indevidamente a minha voz para prejudicar alguém.

Faça de mim porta voz da cidadania, da credibilidade e da isenção.

Senhor impeça que eu induza a pré-julgamentos ou a condenações.

Corrija o meu excesso de individualidade e me torne mais flexível.

Dá-me firmeza para eu não escorregar nas armadilhas da palavra.

Senhor proteja minhas cordas vocais, ferramenta do meu ganha pão.

Proteja Senhor, a todos os meus ouvintes, razão do meu trabalho.

AMÉM!

COMUNICAÇÃO DE MASSA


O Homem sempre buscou interagir com seus semelhantes e isso o distingue dos demais seres que habitam o nosso planeta. A comunicação sempre se fez presente, quer de maneira insipiente, quer de maneira mais elaborada, com recursos da tecnologia. A invenção do alfabeto, há mais de dois mil anos, possibilitou uma transformação qualitativa na comunicação e produziu uma cultura acumulativa baseada no conhecimento, fundamento para o desenvolvimento da ciência como hoje a conhecemos, e na integração dos vários modos de comunicação - escrita, oral e audiovisual. O século XX tem um papel primordial no desenvolvimento da comunicação baseada em grandes audiências, na heterogeneidade, a chamada comunicação de massa, com a revolução das mídias de comunicação audiovisual - primeiro o cinema e o rádio, depois a televisão - que fizeram quase que desaparecer a influência e a importância da comunicação escrita para a maioria das pessoas. As frustrações de grupos intelectuais contra a influência da televisão e do cinema, ainda hoje dominantes entre os críticos da comunicação de massa, têm seus fundamentos nessa tensão entre a "nobre e elitizada" comunicação alfabética e a comunicação do senso comum posta às multidões. A televisão, principalmente, tem sido o meio predominante para a chamada comunicação de massa. Nesse sistema de comunicação uma mensagem similar é simultaneamente transmitida de poucos centros emissores para uma audiência de milhões de receptores. Existe a chamada síndrome do menor esforço, que parece estar associada à televisão como mídia. As condições de estilo de vida também poderiam explicar a rapidez e a penetração que a televisão conquistou tão logo apareceu. A poderosa presença de provocantes mensagens subliminares, com uso de sons e imagens, pode levar a crer que a televisão tenha um poder de produzir impactos dramáticos no comportamento social. A maioria das pesquisas aponta para uma conclusão diferente. Após cinco décadas de pesquisas sistemáticas, a conclusão é que a audiência da comunicação de massa não é indefesa e a mídia não é tão “toda poderosa”. A comunicação de massa, como um todo, ocorre num só sentido e a comunicação real depende da interação entre o emissor e o receptor na interpretação da mensagem. Uma das conseqüências dessa análise é que não existe uma Cultura de Massas, no modo imaginado pelos críticos da comunicação de massa, porque esse modelo compete com outros elementos (constituídos por vestígios históricos, cultura de classe, educação, enfim, o que se entende por Cultura). O embate entre Natureza e Cultura já está definido e agora estamos entrando realmente numa nova era que deverá ser marcada pela autonomia da Cultura e da comunicação de massa. O padrão de relacionamento, estabelecido no início da Idade Moderna e associado com a Revolução Industrial e o triunfo do racional, foi a dominação da Natureza pela Cultura, fazendo a sociedade sair do processo de trabalho pelo qual a humanidade encontrou sua liberação das forças naturais e acabou presa aos seus próprios abismos de opressão e exploração.É por isso que a informação é primordial em nossa organização social e o motivo porque os fluxos de mensagens e imagens constituem o encadeamento básico de nossa estrutura social. Não dá para dizer que a história acabou em uma feliz reconciliação da Humanidade consigo mesma. A história está apenas começando, se por história nós compreendermos o momento quando, após milênios de uma pré-histórica batalha com a Natureza, primeiro para sobreviver, depois para conquistá-la, nossa espécie alcançou o nível de conhecimento e organização social que vai nos permitir viver em um mundo predominantemente social. É o começo de uma nova existência e realmente o começo de uma nova era, a era da informação, que deverá ser marcada pela autonomia da cultura face a face com os fundamentos materiais de nossa existência, e o papel da comunicação de massa é essencial para que ocorra essa mudança. Seja na vida dos indivíduos como na da sociedade, mudanças profundas em geral ocorrem como resposta ao sofrimento intenso e a dificuldades insuportáveis que não deixam outra saída. A cada dia que passa, multiplicam-se os sinais de que as pessoas, em todas as partes, estão despertando para este entendimento. Cabe a comunicação de massa, que tem um papel relevante na vida social, fazer chegar a um número maior de pessoas requisitos básico para se melhor viver: a informação, o entretenimento, e uma melhor maneira de ver e entender o mundo ao redor.



Luis Guilherme M. Gaya

SEMIÓTICA


A Semiótica, segundo estudiosos e especialistas, que a encaram em sentido clássico, se põe, sem outras considerações, como disciplina autônoma, passível de ser subdividida em outras disciplinas. Ela é considerada uma teoria dos signos. Nessa condição, é teoria que coloca, em termos genéricos, as questões clássicas associadas ao estudo das definições.
Partindo de uma determinação conceitual dos signos, são examinados, pela Semiótica, vários tipos de signos e a constituição de sistemas de signos, ou seja, a linguagem.
O filósofo austro-húngaro Edmund Husserl (1859-1938), por exemplo, considera em princípio, como signos, os marcadores e as frases. Marcadores, indícios, ou indicadores, remetem-nos a algo diverso, substituem ou representam outra coisa. Exemplificando, uma expressão como ‘o resfriamento da água’ seria indicador de uma queda de temperatura, ao passo que ‘halo da lua’ serviria para indicar uma piora nas condições climáticas. Frases, de outro lado, exprimem um pensamento e possuem, portanto, um significado. Mais uma vez exemplificando, os sinais lingüísticos ‘árvore’, ‘cão’, ‘liberdade’, etc.
Estudiosos de Semiótica, que defendem uma posição transclássica, asseveram que uma teoria dos signos só pode ser elaborada, e portanto, só pode adquirir sentido, como parte de uma teoria geral da comunicação, já que a principal função dos signos, segundo A. Schaff, em sua obra Introdução à Semiótica, está em permitir “partilhar algo com alguém, prestar informes a alguém, de modo que o signo se associa aos objetos e às pessoas que participam, de maneira bem determinada, socialmente condicionada, do processo da comunicação”.
O problema do signo surge na Lógica e na Retórica de Aristóteles. É no âmbito dessas disciplinas que se encontram observações que caberia incluir em uma teoria dos signos – e as obras de Leibniz, Wolff, Lambert, Reimarus, Hegel, Frege, e muitos outros, atestam a veracidade da afirmação. Porém, a Semiótica só se transforma em problema específico, de cunho científico, nas obras de Charles Sanders Peirce.
Segundo Peirce, signo é tudo aquilo que pode ser considerado como signo e apenas aquilo que for considerado como signo. Qualquer coisa pode, em tese, ser considerado como signo. O que se declara ser um signo não é mais um objeto, mas associação, a algo que pode ser objeto; meta-objeto, por assim dizer. A associação, determinada por meio de algo declarado como signo, é triádica: algo é associado, na condição de ‘meio’, a um ‘objeto’, para um ‘interpretante’. Fala-se, pois, em relação triádica dos signos.
A semiótica subdivide-se em: Sintaxe, Semântica e Pragmática. A Sintaxe é o ramo da Semiótica que em que se estuda o modo pelo qual os signos de várias classes se combinam para formar signos compostos, são focalizados os signos enquanto signos, focalizando o âmbito do meio e as possibilidades de relaciona-los. Faz-se abstração do significado dos signos, bem como de seus empregos e efeitos. A Semântica é a parte em que se estuda os significados propriamente dos signos. A relação entre o objeto designado e o meio designador, sendo o signo a função dessa relação. Já a Pragmática, ocupa-se de estudar a origem, o emprego e os efeitos dos signos. Estuda-se o signo como um todo, sob o prisma da relação objeto – meio – interpretante. Em especial a pragmática focaliza o interpretante, o modo com ele considera significativa a denotação, a maneira como se vale dos signos e a aplicação que lhes dá.
O signo sendo qualquer objeto material, qualquer atributo, qualquer evento material – colocado no interior do processo de comunicação e no quadro de referência de um conjunto de interlocutores que dominam certa linguagem – pode ser dividido em: naturais e artificiais. Os naturais são aqueles que independem de atividades finalistas, própria dos seres humanos e os artificiais são aqueles que podem ser dados como reconhecidos produtos sociais do homem, chamados a servir como signos em objetivos vitais.
Referências Bibliográficas:

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfredo Bossi. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MASER, S. Fundamentos de Teoria Geral da Comunicação. Trad. Leônidas Hegenberg. São Paulo: E.P.U – Editora Pedagógica e Universitária, 1975.
SCHAFF, A. Introdução à Semiótica. Editora Civilização Brasileira, 1968.




Luis Guilherme Moura Gaya

Considerações sobre o filme "Show de Truman"


O filme é a história irreal de um personagem que tem seus passos acompanhados permanentemente por milhões de pessoas em todo o mundo através de câmaras espalhadas por uma cidade-cenário construída em uma ilha fictícia. Truman Burbank leva uma vida condicionada e seu comportamento obedece a um “script” pré-determinado pelo diretor do intrigante “realyte-show”.
Desde o seu nascimento há todo um processo que deve levar Truman a não questionar e tampouco contestar a realidade que lhe é apresentada. Com uma vida cotidiana sistemática e mecanicista, não sobra tempo para o imprevisível e o imponderável. Medos e fobias são inseridos em sua vida para que não busque o novo, o explorável, o desconhecido. A cena do afogamento do seu “pai”, num passeio de barco em alto mar, com o jovem Truman pedindo ao pai para continuarem navegando, apesar da tempestade, tem como objetivo causar culpa e, ao mesmo tempo, impedir que o jovem deixe a “ilha”, movido pelo pavor das águas turbulentas. A queda de uma peça de avião no meio da rua, também condiciona para uma aversão à viagens aéreas. Há todo um aparato “ideológico”, com mídia altamente direcionada, que mostra à exaustão, o lado belo da ilha em contraste com a realidade nua e crua do “mundo de fora”. O gesto repetitivo de cumprimentar com um “bom dia” todos da localidade, sempre com um sorriso acolhedor dos interlocutores. O próprio sistema de ensino que pregava a desnecessária busca pelo novo, pelo espírito desbravador inerente ao ser humano: para que ser um novo Magalhães (circunavegação) se tudo já foi descoberto? Dizia a professora primária. Truman vivia em uma imensa caixa de Skinner, onde todos os seus comportamentos e ações eram reflexos do meio em que viva. Ele necessitava de respostas que sua subjetividade jamais encontraria naquele simulacro criado por um diretor megalomaníaco.
Truman, ao se envolver involuntariamente com uma personagem – a atriz Sylvia – acaba por se apaixonar e dá início a um processo de libertação. Num primeiro momento, os produtores do “realyte show” detectam o que não estava no script e tentam fazer a história voltar ao seu curso normal. Porém, era tarde demais, a mente humana não funciona como uma tábula rasa, ou um computador. O ser humano não pode se reduzir a um simples objeto manipulável. Está em jogo talvez aquilo que o torna o mais singular dentre todas as espécies que habitam o planeta: a sua singularidade e subjetividade, a necessidade de se fazer “presente”, fazer a sua “história”. Aliás, a esse respeito, Walter Benjamin, filósofo alemão do século passado, afirma “O modo pelo qual se organiza a percepção humana, o meio em que ela se dá, não é apenas condicionado naturalmente, mas também historicamente”
[1].
Na ilha Seahaven nada era real e tudo era real ao mesmo tempo. Durante toda a sua vida Truman foi educado através de reflexos condicionados, por comportamentos operantes, com reforços positivos (trabalho, interação e vida social, educação, etc.) e reforços negativos (oposição por sua busca do novo, do explorável, etc.). No filme, Cristof, o criador do “realyte show”, ao conceder uma entrevista a um programa de televisão é interpelado por uma telespectadora, a atriz Sylvia, por quem Truman se apaixonara, que pergunta se o diretor nunca se sentiu culpado pelo “espetáculo” por ele criado. Ele responde que deu a Truman a chance de viver uma vida normal. Que o mundo fora da ilha é que é doentio. A ilha Seahaven é o modelo de mundo. Sylvia retrucou dizendo que Truman não era ator e sim um prisioneiro, ressaltando a maldade que haviam feito com ele. Cristof argumentou que se de fato Truman quisesse sair poderia fazê-lo a qualquer tempo; apresentava mera ambição, faltando determinação para ir em busca da verdade. Tudo que se poderia proporcionar de uma vida normal ele tinha, com o diferencial de que era poupado das desventuras, tudo que os telespectadores queriam para suas vidas. Concluiu afirmando que Truman preferia sua cela em Seahaven ao mundo além da ilha.
No final, fica provado que Cristof estava enganado, pois Truman, num gesto de ironia, cumprimenta os telespectadores do ‘”show da vida” e deixa as instalações do mega-estúdio de televisão para viver sua “vida de verdade”, sem presilhas ou amarras.



[1] BENJAMIN, W. Magia e Técnica, Arte e Política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo, SP: Editora Brasiliense, 1994. p. 169.

Luis Guilherme M. Gaya

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

GALVÃO BUENO É VAIADO

Deu no site notícias.bol.uol.com.br que na partida entre Brasil e Equador, realizada na quarta-feira, 17 de outubro, no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, o locutor-apresentador da Rede Globo de Televisão, Galvão Bueno foi vaiado por parte dos cerca de 80 mil torcedores que compareceram para assistir à vitória dos brasileiro sobre os equatorianos, pelo placar de 5x0, em partida válida pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, que acontecerá na África do Sul. A “estrela” da Vênus Platinada parece não gozar de boa aceitação por parte da torcida carioca que em coro gritava palavrões para o apresentador. Os técnicos da emissora trataram de cortar o áudio imediatamente, porém, os primeiros impropérios não puderam ser evitados e o resultado é que milhões de brasileiros acabaram tendo que dormir com os ouvidos em ressonância com o inusitado gesto da torcida presente ao estádio Mário Filho, o Maracanã. Se a moda pegar por aqui, na Terra do Sol, muitos locutores esportivos terão que mudar de profissão.
Ainda está em tempo de rever conceitos e tomar posições. O torcedor (receptor) de hoje não é mais o espectador passivo e nem massa de manobra, produto, simples e acabado, da indústria cultural. Abaixo segue o texto na íntegra:

Galvão é xingado no ar e Globo corta voz da torcida

'Galvão, vai tomar no c...', cantava a torcida, empolgada, anteontem, no Maracanã (RJ), durante transmissão do jogo Brasil x Equador, pela Globo. A provocação contra Galvão Bueno foi ao ar mais de uma vez. Para evitar mais constrangimento para o apresentador, a Globo cortou, algumas vezes, o áudio com a voz dos torcedores. Procurada pela coluna, a emissora não quis comentar o assunto.

Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br

Receita de Mulher - Vinícius de Moraes


O "poetinha camarada" deu a sua receita de mulher. Talvez com toda a sua exuberância e elegância no descrever da mulher amada ele tenha esquecido que algo tão belo e inigualável carece de receita e de explicação. Sua essência já é inexplicável e inumerável......

RECEITA DE MULHER

As muito feias que me perdoem. Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso. Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então,
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes.
Indispensável que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca e possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebal levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas e que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos de forma que a cabeça dê por vezes a impressão de nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre flores sem mistério.
Pés e mãos devem conter elementos góticos discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão que é preciso ultrapassar.
Que a mulher seja em princípio alta ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos ao abri-los ela não mais estará presente com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá e que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber o fel da dúvida.
Oh, sobretudo que ela não perca nunca, não importa em que mundo não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade de pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre o impossível perfume; e destile sempre o embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina do efêmero; e em sua incalculável imperfeição constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

Vinícius de Moraes

in
Novos Poemas (II)

Ausência - Vinícius de Moraes


Esse poema de Vínícius de Moraes é de uma sensibilidade que impressiona:


AUSÊNCIA


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces. Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida. E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz. Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados. Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada. Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos. Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Rio de Janeiro, 1935

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O SANFONEIRO CLEMENTINO MOURA


Um pouco sobre o forró:

O Forró , na verdade, são vários gêneros musicais do nordeste brasileiro. Possui origem mestiça. Entre os vários ritmos diferentes que são comumente identificados como Forró destacam-se o Baião, o Coco, o Rojão, a Quadrilha, o Xaxado e o Xote.
Possui semelhaças tanto com o Toré e o arrastar dos pés do índios quanto com os ritmos binários portugueses e holandeses, com o balançar dos quadris dos africanos. A dança do forró têm influência direta das danças de salão européia.
O forró é especialmente popular nas cidades de Juazeiro do Norte, Caruaru, Mossoró e Campina Grande, onde é símbolo, no mês junho, da Festa de São João, e em algumas capitais do nordeste, como Fortaleza, Aracaju, Natal e Recife, onde são promovidas grandes festas que duram a noite toda. Forró também é a designação dada a estas festas que acontecem em casas de show.

A origem do nome:

O termo Forró, segundo o mestre potiguar Luis da Câmara Cascudo, notável estudioso das manifestações da cultura popular no Brasil, vem da redução da palavra forrobodó, que significa, além de arrasta-pé, farra, confusão, desordem. É freqüente associar-se a origem da palavra forró à expressão americana for all (para todos), como um anglicismo.
Para essa versão foi construída uma engenhosa estória: no início do século XX, os engenheiros britânicos, instalados em Pernambuco para construir uma ferrovia, promoviam bailes abertos ao público, ou seja for all. Assim, for all passaria a ser, no vocabulário do povo nordestino, forró (a pronúncia mais próxima). Outra versão da mesma estória substitui os ingleses pelos norte-americanos e o Pernambuco do início do século XX pela Natal/RN do período da II Guerra Mundial, quando uma base militar norte-americana foi instalada naquela cidade.

Clementino Moura:

O sanfoneiro CLEMENTINO MOURA DA SILVA, nasceu em Capistrano, interior do Ceará, no dia 14 de novembro de 1945, filho de Francisco Ozano de Moura e de D. Maria Carlota da Silva.
Teve quatro irmãos e desde cedo, por influência do pai, que tocava sanfona de 8 baixos e de dois irmãos, Tonho e Francisquinha, já mostrava inclinação para a música, sobretudo o forró pé-de-serra, xote e baião.
Músico autodidata, Clementino Moura ganhou sua primeira sanfona do pai, Francisco Ozano, no início dos anos sessenta, por ocasião de um aniversário em sua casa, quando teve a oportunidade de dedilhar o instrumento do tocador contratado para animar a festa.
Passou a acompanhar os solos de Luiz Gonzaga, Chico Justino, Zé Calixto e outros sanfoneiros da época através da Rádio Tupinambá de Sobral e de LPs.
Com a morte dos pais, Clementino Moura, ainda menor de idade, veio para Fortaleza, acompanhando uma caravana do Palhaço Garrafinha, que havia feito uma apresentação em sua cidade natal.
No início a dificuldade foi grande e até fome chegou a passar. Apresentava-se com os músicos da caravana aos finais de semana e diante das privações acabou por ir procurar a irmã Zezinha, que morava em Fortaleza, no Bairro Otávio Bonfim.
Chegou a ser evangélico e, em seguida, passou a fazer apresentações na Praça do Ferreira e em circos pela capital interior, ao lado de um grupo musical.
Esteve em São Paulo, onde no Forró do Zé Nilton, na Mooca, e no Forró do Pedro Sertanejo, conheceu Dominguinhos, Oswaldinho, Zé Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, que exerceram grande influência em sua carreira.
Em Fortaleza, depois de muitos anos, após conhecer bem a cidade, foi taxista. Em 1974, ingressou na Polícia Militar do Ceará, onde por muito tempo, integrou a banda de música da corporação. Tocou com o irmão, Otílio Moura, também músico, com quem fez apresentações na capital e interior do Ceará e inclusive chegou a gravar um CD.
Sobre o forró que hoje está em evidência, o chamado forró eletrônico, criado por Emanoel Gurgel, Clementino Moura diz que não há muita qualidade e que as bandas acabam por ser repetitivas demais. “Hoje todo mundo canta”, afirma o sanfoneiro, porém sem talento e qualidade. “Para o músico saber cantar tem que ouvir muito um Jackson do Pandeiro”, complementa em seguida.
Sobre o futuro do forró autêntico, genuíno, Clementino Moura diz haver muito sanfoneiro bom e que a nova geração deverá dar prosseguimento a arte de tocar sanfona, inclusive destacando uma orquestra de sanfona criada no Ceará.
Em relação à pirataria no mercado de CDs, Clementino Moura, diz haver mercado para todo mundo, inclusive em seus shows vende os CDs com seu trabalho e arrecada uma boa importância. Vende e faz sua divulgação.
Jamais chegou a receber direitos autorais por suas composições devido ao excesso de burocracia. A Ordem dos Músicos, segundo ele, é outra entidade que cobra dos associados ou não-associados e não presta uma assistência de qualidade.
A diferença entre Sanfona e Acordeon é que, na primeira, se tem o fole de botão, e no Acordeon se tem o teclado. No sul do país, tudo é chamado de gaita.
Clementino Moura já dividiu o palco com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Maestro Chiquinho, Adolfinho, Zé Calixto, Geraldo Correia, e outros. Ao longo de sua carreira, gravou 3 LP’s e 9 CD’s e faz apresentações aos finais de semana, de quinta à domingo, na capital e interior do estado.



Luis Guilherme

A SOPA DE DONA GRACINHA: UM GESTO DE SOLIDARIEDADE


Todas as manhãs a rotina é a mesma. Ela acorda bem cedo, faz sua oração, pedindo pelos menos favorecidos, e que todos tenham um dia abençoado. Inicia os afazeres do lar, sempre com esmero e dedicação, para em seguida, se dirigir ao mercado mais próximo de sua residência. Com muita paciência e carinho escolhe os legumes e as verduras, sempre pechinchando e justificando sua causa nobre. Ao regressar ao lar, sua última parada é no açougue para apanhar a o pedaço de carne, sempre encomendado de véspera.
Ao chegar em casa, começam os preparativos, sempre obedecendo ao mesmo ritual de mais de três décadas. Lava tudo em água corrente e trata a carne com o seu tempero de sabor inigualável. Hoje conta com a colaboração de algumas vizinhas também abnegadas. Todas colaboram, sem também descuidar dos afazeres domésticos, que com certeza, lhes consomem o dia. Dona Gracinha, a cozinheira-mor, não cansa de afirmar que se mais pudesse fazer, não pensaria duas vezes e construía um abrigo para os mais necessitados em sua casa. Vive com o Seu José, fruto de um casamento que já dura trinta e seis anos e que lhe rendeu quatro filhos, todos já adultos.
No início da tarde começa a aglomeração de pessoas carentes vindas de todos os bairros adjacentes em busca daquela que muitas vezes é a única refeição do dia. A sopa da dona Gracinha, como ficou popularmente conhecida no bairro. Às três horas da tarde tem início a distribuição com a única exigência de que se traga o prato ou cumbuca para poder levar a disputada refeição.
Em poucos minutos, só resta a grande panela vazia e muitos infelizmente voltam sem a oportunidade de provar da sopa, deixando o local com a esperança de no dia seguinte, quem sabe, terem mais sorte.
Dona Gracinha para poder ajudar aos mais necessitados conta com a colaboração de algumas pessoas ligadas à paróquia do bairro e vem encontrando cada vez mais dificuldade para continuar à frente desse trabalho social, “eu tenho lutado com muita dificuldade, pois hoje tudo está mais difícil. Muitos dos que me ajudavam encontram-se é na fila para tomar a sopa. É muito difícil a situação desse povo da nossa comunidade”, afirmou com um ar desolação.
Ela finalizou, pedindo aos que quisessem colaborar com doações para a sopa que entrassem em contato com o centro paroquial da igreja do Tancredo Neves que seriam bem-vindos.
É mais um trabalho social, de uma enorme importância, que corre o sério risco de acabar por falta de condições financeiras e de apoio dos órgãos públicos.

Luis Guilherme